Na postagem a seguir vamos falar um pouco sobre o filósofo e sociólogo Francês Pierre Bourdieu.Uma troca de personagens importantes da filosofia entre o nosso grupo Corujofia e outro grupo da sala.
A História de Pierre Bordieu
Pierre Félix
Bourdieu (Denguin, França, 1
de agosto de 1930 — Paris, França, 23
de janeiro de 2002)
foi um sociólogo francês.
De origem
campesina, filósofo de
formação, foi docente na École de Sociologie du Collège de France.
Desenvolveu, ao longo de sua vida, diversos trabalhos abordando a questão da
dominação e é um dos autores mais lidos, em todo o mundo, nos campos daantropologia e sociologia, cuja
contribuição alcança as mais variadas áreas do conhecimento humano, discutindo
em sua obra temas como educação, cultura, literatura, arte, mídia, lingüística e política.
Também escreveu muito sobre a Sociologia da Sociologia. A sociedade cabila,
na Argélia, foi o palco de suas primeiras pesquisas. Seu primeiro livro, Sociologia
da Argélia (1958), discute a organização social da
sociedade cabila, e em particular, como o sistema
colonial interferiu na sociedade cabila, em suas
estruturas e desculturação. Dirigiu, por muitos anos, a revista "Actes
de la recherche en sciences sociales" e presidiu o CISIA (Comitê
Internacional de Apoio aos Intelectuais Argelinos), sempre se posicionado
claramente contra o liberalismo e
a globalização.
O mundo social,
para Bourdieu, deve ser compreendido à luz de três conceitos
fundamentais: campo, habitus e capital.
Em 1960 torna-se
assistente de Raymond Aron,
na Faculdade de Letras de Paris e principia seus estudos acerca do celibato na
região de Béarn. Ainda em 1960
integrou-se ao Centro de Sociologia Europeia, do qual tornou-se secretário
geral em 1962.
Desenvolveu ao
longo das décadas de 1960 a 1980 farta
obra, contribuindo significativamente para a formação do pensamento sociológico
do século XX. Na década
de 1970estendeu sua atividade docente a destacadas
instituições estrangeiras, como as universidades de Harvard e Chicago e o Instituto Max Planck de
Berlim. Em 1982 ministrou sua aula inaugural (Lições de Aula)
no Collège de France (instituição
que três anos mais tarde se associou ao Centro de Sociologia Europeia),
propondo uma "Sociologia da
Sociologia", constituída de um olhar crítico sobre a formação do sociólogo
como censor e detentor de um discurso de verdade sobre o mundo social. Neste
sentindo, esta aula inaugural encontra-se com a ministrada por Barthes (A
aula) e Foucault (A Ordem
do Discurso), privilegiando a discussão acerca do saber acadêmico. É consagrado
Doutor 'honoris causa' das universidades Livre de Berlim (1989),
Johann-Wolfgang-Goethe de Frankfurt (1996) e Atenas (1996). Morreu em Paris, em
23 de janeiro de 2002, depois de finalizar um curso acerca de sua própria
produção acadêmica, que servirá de fundamento ao seu último livro, Esboço
para uma autoanálise.
Construtivismo estruturalista ou estruturalismo
construtivista
Bourdieu,
permitindo ter seu pensamento rotulado, adota como nomenclatura o construtivismo estruturalista
ou estruturalismo construtivista.
Esta postura
consiste em admitir que existe no mundo social estruturas objetivas que podem
dirigir, ou melhor, coagir a ação e a representação dos indivíduos,
dos chamados agentes. No entanto, tais estruturas são construídas socialmente
assim como os esquemas de ação e pensamento, chamados por Bourdieu de habitus.
© CNRS Photothèque/Nicole TIGET.
A obra analisa e critica o modo de ver
e pensar da escola francesa, e também define a mesma como “o espaço da
reprodução social e um eficiente dominio de legitimação das desigualdades”
(BUSETTO, 2006, p.113) , ou seja, a escola é vista pelos autores como um local,
uma instituição que reproduz a sociedade e seus valores e que efetiva e
legaliza as desigualdades em todos os aspectos pois é na escola que o legado
econômico da família transforma-se em capital cultural.
Nos primeiros capítulos, Bourdieu e Passeron defendem a idéia de que a escola
não é neutra, não é justa, não promove a igualdade de oportunidades, e também
não transmite da mesma forma determinados conhecimentos, pois é a cultura da
classe dominante. A escola, ao tratar de maneira igual tanto em direitos quanto
em deveres aqueles que são diferentes socialmente, acaba privilegiando os que
por sua herança cultural já são privilegiados.
O terceiro capítulo da obra, chamado “eliminação e seleção”, descreve de forma
crítica e analítica o exame na estrutura de ensino, sobretudo francês.
É a partir deste pensamento que os autores começam a caracterizar o exame como um intrumento de seleção, classificação, e tambem a mostrar seu peso e valor no ambiente escolar
É a partir deste pensamento que os autores começam a caracterizar o exame como um intrumento de seleção, classificação, e tambem a mostrar seu peso e valor no ambiente escolar
Segundo bourdieu e passeron, o exame impõe uma definição social do conhecimento
e da maneira de manifestá-lo, ou seja, padroniza respostas e reações
relacionadas a determinados conteúdos e limita de certa forma, o conhecimento e
as capacidades adquiridas e desenvolvidas ao longo dos anos.
A escola utiliza o exame para selecionar os indivíduos tecnicamente mais
competentes e os classifica desde os primeiros anos de vida escolar,
colocando-os sob o status de nobreza escolar.
Já aqueles originários de classes populares, muitas vezes sao eliminados do sistema
antes mesmo de serem examinados e avaliados, o que mostra o quanto as
desigualdades sao fortes e influentes no ingresso e êxito escolar do indivíduo.
Por isso, o conceito de reprodução, na
obra destes autores, é igualmente decisivo, pois permite compreender porque os
indivíduos, envoltos de discursos e ideologias dominantes, acreditam que as
chances existam para todos quando, de fato, as estruturas existentes e as
práticas sociais que permeiam a estrutura social, ao contrário, apenas
reproduzem a situação atual da sociedade, e o exame é um instrumento claro de
perpetuação da contraposição entre igualdades e desigualdades no âmbito
social.”
Neste ponto, os autores utilizam os termos probabilidade de passagem e
probabilidade de êxito para ressaltar o quanto as diferenças culturais podem
intervir na vida e no sucesso escolar de determinada pessoa. Aqueles que vieram
ou passaram por uma estrutura social pobre em condições básicas de
sobrevivência e informação de qualidade, tem chances menores de obter êxito
escolar e ingressar no ensino superior.
Os que conseguem, tendem a começar a reproduzir tudo aquilo que aprenderam no
sistema social em que estavam inseridos e acabam, muitas vezes, recebendo o
diploma sem ter desenvolvido as competências básicas exigidas pelo sistema
escolar.
O exame nao pode ser reduzido a apenas um serviço ou uma prática escolar , pois
ele determina a vida do sujeito em todos os aspectos, e sua supervalorização é
resultado do sistema de oportunidades em que a sociedade contemporânea está
baseada, uma falsa estrutura de igualdade social regida pela hierarquia dos
êxitos escolares.
O sistema de oportunidades é explicado pelos autores conforme trecho:
“Eis porque a estrutura das oportunidades objetivas da ascensão pela Escola, condiciona
as disposições relativamente à Escola e à ascensão pela Escola, disposições que
contribuem por sua vez de uma maneira determinante para definir as
oportunidades de ter acesso à Escola, de aderir às suas normas e de nela ter
êxito, e, por conseguinte as oportunidades de ascensão social”. (BOURDIEU E
PASSERON, 1970 p. 190)
No trecho acima, os autores caracterizam a Escola e sua estrutura como uma
oportunidade de ascensão social, ou um meio, um caminho para isso, e esse
pensamento é decorrente da democratização do ensino e da elevação de diplomados
com o tempo, que leva a escola a substituir progressivamente as desigualdades
de acesso ao ensino pelas desigualdades de currículos para manter sua função
social de reprodutora social.
Com isso, pode-se notar que as escolhas de cursos e instituições de ensino
passam a ser fortemente hierarquizadas e repletas de valores atribuídos
socialmente graças ao capital e poder simbólico das instituições, agentes
escolares e seus usuários.
Neste cenário, o que é valorizado não se restringe a apenas o quanto o
indivíduo sabe ou estudou sobre determinado assunto, mas também onde e qual
curso prestigiado pela sociedade cursou, efetivando mais uma vez as
desigualdades, agora, de currículos.
Desta forma, a partir deste capítulo e da obra como um todo, Bourdieu e
Passeron foram capazes, de demonstrar que as características sociais, culturais
e políticas do sistema educacional francês, de fato, reproduziram as
hierarquias existentes e as formas de dominação social, assim revelando o
esvaziamento real das noções de igualdade propagadas por um sistema que seria
democrático, e que a todos ofereceria tais oportunidades.
Por isso, o conceito de reprodução, na obra destes autores, é igualmente
decisivo, pois permite compreender porque os indivíduos, envoltos de discursos
e ideologias dominantes, acreditam que as chances existam para todos quando, de
fato, as estruturas existentes e as práticas sociais que permeiam a estrutura
social, ao contrário, apenas reproduzem a situação atual da sociedade, e o
exame é um instrumento claro de perpetuação da contraposição entre igualdades e
desigaldades no âmbito social.”
Referências
1.
Ir para cima↑ Ana
Paula Hey e Afrânio Mendes Catani,Bourdieu e a educação, Site da Revista Cult, 31/04/2014
2.
Ir para cima↑ NOGUEIRA,
Maria Alice & NOGUEIRA, Claúdio M. Martins. Bourdieu & a
Educação, p.49 a 60, Autêntica Editora, 2014
3.
Ir para cima↑ BOURDIEU,
P. A Escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura. In:
Escritos de educação. Organizadores Maria Alice Nogueira e Afrânio Catani.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2007, p. 41-64.
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